#9 Edição: Novas Oportunidades para o EaD
Vilão ou mocinho? O EaD há tempos gera debates sobre sua pertinência como método de ensino, e com a pandemia do Covid-19 voltou aos holofotes e os velhos e novos debates ressurgiram com força.
O EaD, comumente chamado de Ensino a Distância, ou Educação a Distância, é uma modalidade de ensino em que professores e alunos estão separados fisicamente, isto é, não estão na tradicional sala de aula. Uma prática mais antiga do que muitos acreditam, o Ensino a Distância está mais forte do que nunca.
As estatísticas apontam que o Ensino a Distância vem crescendo nos últimos anos no Brasil, superando até mesmo as matrículas do ensino presencial. No entanto, o MEC (Ministério da Educação) considera EAD tudo que não é presencial, sendo eles modelos híbridos ou flex, entre outros.
Este tema é analisado neste vídeo da Série Inovações Educacionais: https://conteudo.multiversa.com/inovacoeseducacionais

Já parou para pensar que sempre mencionamos "o" EaD e não "a" EaD?
A própria diferenciação entre ensino ou educação a distância é algo que exige aprofundamento do tema com base na pedagogia e nas estruturas que estão no entorno do processo de aprendizagem. Mas em geral quando referido o EaD se está tratando do ensino, ou seja, dos métodos, formatos e estruturas do processo de ensino.
O desafio da superação da distância no ensino é mais antigo do que você pensa.
Tema comum hoje, o EaD remonta ao início da revolução científica, iniciada no século XVII, em que começaram a se utilizar de cartas comunicando informações científicas. Um marco do EAD é considerado o anúncio publicado na Gazeta de Boston em 1728 pelo professor de taquigrafia Cauleb Phillips.
O ensino por correspondência dominou os séculos seguintes e somente nas décadas de 1960 e 1970 a educação a distância passou a incorporar o áudio e o videocassete, as transmissões de rádio e televisão. E mais recentemente, o uso dos computadores abriu oportunidades muito mais avançadas de acesso e interação com conteúdos.
Contudo, é a internet e a popularização de computadores que ampliou os cursos de educação online, tornando rapidamente obsoletos os antigos e caros sistemas de comunicação via satélite.
O ensino conseguiu ir mais longe, mas e a qualidade, seguiu junto?
A questão chave que vem sendo debatida há tempos, e que retorna com força sempre que o EaD embarca em uma nova onda de popularidade, está exatamente sobre a qualidade do ensino, sua efetividade e as adaptações metodológicas necessárias para o adequado funcionamento dos cursos EaD. Professores e pesquisadores críticos desta modalidade, apontam para o fato de que a ausência de sincronicidade nas interações e de contato humano, impedem a atuação insubstituível do professor, além de apostar todas as fichas na capacidade de desenvolvimento da autonomia do aluno.
Por esta razão a regulação do EAD no Brasil baseou-se fundamentalmente na clara indicação de seus limites, reduzindo as áreas e restringindo atividades passíveis de serem realizadas nesta modalidade.
O fato é que a tecnologia avançou mais rapidamente que a sua compreensão pelos críticos e estudiosos do tema, e com sistemas mais sofisticados e acessíveis o EaD vem se expandindo e obteve um aumento significativo de 19.1% de matrículas em graduações nesta modalidade só no ano de 2021 (SEMESP, 2021).
Mesmo com um universo de potencialidades, no Brasil o EaD ainda é associado a aulas gravadas, exibidas em polos educacionais ou em websites das IES promotoras, em modelos fechados que no final das contas alimentam o "faz de conta" de que o remoto ensina e o aluno finge que aprende. Sendo um método que necessita de uma avaliação objetiva exigindo a capacidade de memorização para “comprovar” o aprendizado.
EaD, Ensino Virtual, Educação Digital, ou Ensino Híbrido?
Distante da realidade predominante do EaD brasileiro, que distorce o processo educacional, surgem variações que exigem a atenção dos gestores universitários, que precisam superar preconceitos e aprofundar a compreensão das novas tecnologias e tendências neste setor.
As novas tecnologias estão em franca competição para determinar o futuro próximo na educação no mundo. O ensino virtual representa o uso de ferramentas diversas para transmitir conhecimento e competências, e pode se dar tanto por meio das já conhecidas metodologias do EaD, mas também e principalmente pelo uso de simulações, espaços virtuais em realidade aumentada e ou virtual, a gamificação de etapas do estudo, e plataformas colaborativas para solução de problemas e construção de conteúdos e aperfeiçoamento de competências.
A educação digital é outra tendência que não pode mais ser ignorada. Ao invés de voltar-se para o formato de ensino (à distância ou virtual), trata diretamente do conteúdo ensinado, e está integrada a compreensão da chamada era digital. Este é provavelmente um dos temas de maior importância para as novas políticas públicas de educação, a exemplo do que vem sendo feito pela União Europeia e seu Plano de Ação para a Educação Digital de 2021-2027.
Você sabia que nem toda modalidade de ensino à distância pode funcionar em sua IES? Fique de olho nas novas oportunidades do EaD!
As Instituições de Ensino Superior são impactadas pelas novas tecnologias de comunicação que estão surgindo, sendo necessário adaptarem-se e criarem estratégias voltadas para a retenção e captação de alunos.
Dentre as novas oportunidades que estão surgindo no ambiente educacional, pelo menos três merecem destaque: o EaD Base; o EaD Nicho e a nova modalidade de EaD.
A modalidade do EaD base diferencia-se por ter um valor acessível, voltado para a base da pirâmide socioeconômica, com mensalidades próximas de R$ 200,00. Esse modelo é mais factível para instituições que trabalham em larga escala, com centenas ou milhares de alunos, tendo em vista o custo envolvido para a produção das aulas. É importante salientar que essa modalidade não presta uma atenção individualizada para os alunos.
Já no modelo EaD de nicho, os cursos são voltados a grupos menores, com demandas ou expectativas muito específicas, podendo tanto se apresentar como especializações de maior duração, ou em cursos de extensão ou módulos voltados a questões pontuais e de grande interesse no momento. Uma das versões que mais cresceu no EaD de nicho durante a pandemia foi o chamado EaD Premium, ou seja, cursos que chegam a valores de 30 à 40 mil reais em pós-graduações digitais e cujo foco está no público-alvo de estudantes e profissionais mais maduros.
A nova modalidade de EaD que vinha sendo implantada em poucas IES de referência do Brasil, como foi o caso da pioneira UniAmérica de Foz do Iguaçu, acabou sendo imposta pelo chamado “novo normal” criado pela pandemia. Com salas de aula que ora eram abertas, ora eram fechadas, a solução encontrada pela imensa maioria das IES foi a de adotar plataformas de videoconferência e basicamente criar uma aparente continuidade das atividades, reproduzindo online as mesmas aulas e metodologias utilizadas nos encontros presenciais.
Naturalmente que esta transposição forçada gerou mais impactos negativos do que positivos. A sensação geral foi a de que se fazia o que era possível em um cenário desafiador para a saúde física e mental de todos, e diante de tantas incertezas sobre como e quando as atividades "normais" poderiam retornar.
E é aqui que as mais novas e melhores oportunidades para o EaD são encontradas. Para além dos erros cometidos durante a pandemia, na nova modalidade de EaD o que se busca é mesclar características do chamado ensino híbrido. Neste modelo são trazidos elementos síncronos de interação, não necessariamente em aula, mas com o emprego de metodologias ativas, mostrando a aplicabilidade pragmática dos conteúdos, e levando em consideração as experiências e vivências dos alunos. Para além do que está sendo aprendido na frente do computador, o processo é enriquecido por elementos práticos virtuais e presenciais, com um espaço novo para criatividade na relação ensino-aprendizagem. E como era de se esperar, neste novo formato as interações síncronas aumentam em quantidade e qualidade, pois ocorrem dentro de contextos significativos para todos os envolvidos.
É neste cenário que o ensino híbrido surge como espaço de encontro e conciliação entre as diversas modalidades de ensino que adotam sistemas virtuais, digitais e à distância. Sobre ele você pode saber mais no blogpost: https://multiversa.com/blog/5-edicao-modelos-hibridos-de-educacao
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Ryon Braga
Sócio-Fundador da Neoperspectiva Consultores Associados.